100 jogos e muita história!
Você sabe o que os jogadores da seleção brasileira, Matheus Borges e Yuri Van Der Heijden, tem em comum? Se você respondeu a data de aniversário, posição em que jogam na seleção e possuírem mais de 100 jogos pela seleção brasileira você acertou.
Os responsáveis pela zaga brasileira acabam de entrar pra história do hóquei nacional sendo os primeiros atletas a alcançarem a marca de uma centena de jogos com a amarelinha. Yuri conquistou a marca expressiva em Málaga e adivinha só, Matheus também.
Aproveitando esse marco nós decidimos perguntar o que se passa pela cabeça deles depois de 100 jogos.
Você se lembra da sua primeira atuação pela seleção brasileira?
Matheus Borges: Não lembro do jogo, mas o primeiro campeonato foi o sub 21 em Trinidad e Tobago. Apesar de ter sido chamado em cima da hora, lembro que foi muito emocionante ouvir o hino dentro do campo. É uma sensação indescritível que sinto até hoje. Só nesses momentos que realizo que estou representando o país todo.
Yuri Van Der Heijden: Sim, eu definitivamente me lembro da minha primeira atuação pela seleção brasileira. Eu joguei meu primeiro torneio em 2008, a copa sul-americana em Montevidéu, Uruguai. No preparo do torneio treinei por uma semana com o time brasileiro em condições difíceis de 35 graus no campo de Deodoro, no Rio. Eu tinha apenas 17 anos, no começo eu não falava português e o resto da equipe não sabia falar inglês. Eu lembro que tínhamos que nos comunicar através de mãos e pés. Foi uma semana desafiadora, mas também uma experiência muito boa. No final de semana me disseram para ir com a equipe para o Uruguai, foi uma notícia muito animadora. Uma vez no Uruguai, gostei de cada segundo do torneio, pois tudo era novo, foi uma ótima experiência. Eu também era muito jovem e adorava brincar com Kaká, Bilow e Chillabillud. A equipe me deu uma recepção calorosa e jogamos um torneio muito bom, exceto o nosso jogo contra a Venezuela. Durante esse tempo eu ainda jogava como meio-campista e fiz 5 gols em 6 jogos. Também me lembro muito bem do nosso último jogo do torneio. Jogamos contra o Uruguai e durante esse tempo Brasil e Uruguai foram rivais próximos. Foi um jogo apertado, mas no final vencemos por um gol de diferenças, foi ótimo vencer com eles jogando em casa.
Nessas 100 partidas pela seleção, qual foi o jogo mais marcante da sua carreira?
Matheus Borges: O jogo mais marcante da minha vida foi sem dúvida o Brasil x USA no pan de 2015. O único momento em que fiquei nervoso num campo de hóquei na minha vida foi após marcar o gol que nos classificaria para as olimpíadas, foi um sentimento de alívio misturado com preocupação porque ainda tínhamos um jogo inteiro para jogar e manter o resultado. Pedi para me substituírem e depois de 1 minuto já estava bem de novo e voltei pro jogo. Depois ainda tivemos os shootouts que foi muito emocionante também.
Nunca vou esquecer o abraço de cada companheiro que lutou pra aquilo acontecer após o jogo, realmente inesquecível.
Yuri Van Der Heijden: Se você pensar sobre isso, cem jogos são muitos. Além disso, não se pode esquecer que provavelmente jogamos a mesma quantidade de amistosos pelo Brasil, então passamos muito tempo juntos dentro e fora do campo.
Eu acho que todos esses 100 jogos são especiais porque você sempre tem a oportunidade de representar seu país e a chance de jogar com seus companheiros de equipe que se tornaram amigos íntimos. Mas é claro que alguns jogos são mais memoráveis que outros. Obviamente, as Olimpíadas foram muito impressionantes e eu me lembro muito bem desses jogos. Mas os jogos e torneios que tiveram o maior impacto em mim foram os Jogos Panamericanos, em Toronto. Tudo foi organizado muito bem, especialmente a comida e o cerimonial de abertura. Mas o que realmente fez uma grande experiência foi o fato de termos alcançado nosso objetivo, nos qualificamos para as Olimpíadas. O processo parecia que era para ser. Primeiro nós treinamos na Irlanda, Escócia, Holanda, Portugal e depois acabamos no Canadá. Em nossa preparação para os Panamericanos, fizemos um amistoso contra os EUA, que perdemos com uma pequena diferença e depois treinamos shoot outs. Quando o torneio começou, perdemos na fase de grupos, 9×1 contra o Canadá, o que tornou toda a qualificação mais difícil, terminando entre os 6 primeiros do torneio. Por sorte, vencemos o México e, em vez de enfrentar a Argentina na próxima rodada, enfrentamos os EUA. Por sorte, treinamos contra eles e, depois de um jogo muito apertado, empatamos em 1×1 e terminamos com shoot outs. Aquilo que nós sonhamos aconteceu, nós ganhamos e nos qualificamos para as Olimpíadas. Estávamos em um grande fluxo e na semifinal empatamos contra o Canadá e perdemos por shoot outs, enquanto havíamos perdido uma semana antes por 9×1.
Para os companheiros que estavam lá, apenas ouçam novamente Imagine Dragons – Shots (Remix de Boiler).
Existe alguma meta que você ainda queira conquistar com a seleção brasileira?
Matheus Borges: A meta com a seleção é sempre jogar melhor e ajudar o máximo possível, mas ainda gostaria de ter uma medalha Pan Americana.
Yuri Van Der Heijden: Eu gostaria de continuar jogando pelo Brasil, atingir o nível mais alto da equipe e ver o quão alto podemos chegar no ranking mundial. Espero continuar o maior tempo possível, desde que eu possa combiná-lo com a minha carreira.
Um dos objetivos é maximizar o desempenho durante nosso torneio na Malásia. Além disso, precisamos garantir que os novatos se encaixem no time. E é claro que espero que o hóquei continue crescendo no Brasil em termos de jogadores, mas também de infraestrutura.
Tanto o Matheus quanto o Yuri estão se preparando para representar o Brasil mais uma vez na Hockey Series Finals e nós só podemos parabenizar esse feito e torcer que eles ainda tragam muitas conquistas e alegrias pro hóquei brasileiro.