O campeonato brasileiro de hóquei adulto de 2019 reservou boas surpresas á comunidade do hóquei brasileiro. O retorno da equipe masculina do Carioca e da equipe feminina do Desterro ao lugar mais alto do pódio, a primeira final da equipe feminina do Grêmio Interlagos, o retorno dos clubes ao Centro Olímpico, a primeira transmissão ao vivo de partidas do campeonato nacional e também a presença de um árbitro internacional nas rodadas finais do campeonato.

A Argentina é um celeiro de talentos do hóquei sobre grama. O país nos presenteou gênios do esporte, como a eterna camisa oito das Leonas, Luciana Aymar, além de Gonzalo Peillat e seus drag flicks de movimentos únicos.

Uma outra área onde a Argentina tem se destacado quando tratamos de hóquei é na arbitragem. O país tem sido muito bem representado por um corpo de arbitragem sempre presente em jogos importantes e decisivos dos principais campeonatos da Federação Internacional de Hóquei (FIH). Além de seguir apresentando novos talentos da arbitragem. Dentre estes, está o árbitro Federico Silva. O árbitro argentino tem arbitrado nos principais eventos do calendário do esporte, como os Jogos Sul Americanos, em Cochabamba; o Torneio 4 Nações, na Alemanha; a edição de Santiago da Hockey Series Open e a edição de Lima dos Jogos Pan Americanos. Em soma aos inúmeros torneios em que arbitrou até o momento, Federico aceitou o convite da CBHG para arbitrar as rodadas finais do campeonato nacional adulto e compartilhar de seu conhecimento e sabedoria com nossos árbitros.

Nós aproveitamos a presença do Federico e perguntamos sobre a experiência de participar do campeonato brasileiro e arbitrar no Centro Olímpico de Hóquei.

Como foi sua experiência arbitrando o campeonato brasileiro?
Federico: A experiência foi muito enriquecedora, tanto a nível pessoal quanto para o grupo de árbitros que fazem parte do campeonato brasileiro. Chegamos facilmente a um acordo de como deveríamos manejar as partidas, que eram muito importantes já que definiam as primeiras colocações do campeonato. Como árbitros devemos sempre ser uma equipe, tanto dentro como fora de campo, e conseguimos realizar dessa forma. Alguns árbitros eu já conhecia de torneios internacionais e isso ajudou a formar o que chamamos de “terceira equipe”. 

Há muita diferença em arbitrar no Brasil e na Argentina?
Federico: Com relação a reclamações e manejo acredito que não exista muita diferença, já que tanto os argentinos como os brasileiros são jogadores passionais, e que protestam demais em algumas situações. Talvez o nível técnico, já que atuo todos os fins de semana em Buenos Aires, onde há muitos jogadores e equipes de alto nível. Vários jogadores da seleção argentina participam do torneio e outros são do interior do país, que elevam e melhoram o jogo. 

Algum momento específico te marcou durante o campeonato brasileiro?
Federico: Talvez os momentos pós partida, onde a maioria dos jogadores cumprimentou respeitosamente a seus oponentes e aos árbitros. Isso é algo que não se deve perder. Alguns dos jogadores que perderam suas partidas ficaram com raiva de nós ao fim do jogo, mas apesar disso, recebi mensagens e pedidos de desculpas no dia seguinte. Sinto que gestos assim fazem bem ao esporte, porque se pode ganhar ou perder, mas devemos sempre ser respeitosos com o oponente, o público e neste caso com os árbitros. 

Como você se sentiu arbitrando as primeiras finais do campeonato brasileiro no Centro Olímpico de Hóquei?
Federico: Eu me senti muito bem. Fui surpreendido pela infraestrutura que se manteve após os jogos olímpicos. Pessoalmente, foi maravilhoso estar no campo onde os leones conseguiram a medalha dourada e que o hóquei argentino vai se lembrar pra sempre. Também fiquei surpreso com os campos que estavam na Universidade. 

Você tem alguma mensagem para o público do hóquei brasileiro?
Federico: O que posso dizer? Para que participem desse lindo esporte em qualquer função (jogador, árbitro, técnico, líder). O hóquei nos deu e continua dando muito para quem participa, principalmente amigos! Que todos aqueles que podem continuem somando ao hóquei brasileiro e ao seu crescimento. O Brasil possui 4 campos de altíssimo nível e devem continuar a aproveitá las. 

Em relação a arbitragem, que continuem formando árbitros. E se animem, porque é um trabalho difícil e as vezes desgastante, mas que traz muitas coisas lindas e necessárias para o crescimento do esporte no país. Sempre digo que para que duas equipes possam jogar é necessário árbitros. Somos necessários e mais árbitros devem somar ao hóquei brasileiro. 

Desde já, estou muito agradecido como todo o hóquei brasileiro, e espero poder melhorar meu português para as próximas oportunidades!